RN tem 45 leitos de UTI para Covid-19 bloqueados; mais da metade por falta de kit intubação e insumos
Foto: Ariel Dantas
Por Igor Jácome, G1 RN
O Rio Grande do Norte tem 45 leitos de UTI para Covid-19 bloqueados na manhã desta terça-feira (4), segundo o sistema Regula RN, usado na administração dos leitos na rede pública estadual. Mais de 66% deles estão sem operação por causa da falta de kit intubação e medicamentos, de acordo com os dados públicos.
O número de leitos bloqueados representa cerca de 10,9% do total de UTIs para Covid-19 na rede pública do Rio Grande do Norte – são 413. Pode parecer pouco, mas se eles estivesse disponíveis, o estado não teria filas de espera por UTI durante a manhã. Por volta das 8h, 41 pessoas esperavam por uma leito crítico, em todo o Rio Grande do Norte, enquanto havia 25 vagas disponíveis.
A Secretaria de Saúde do Rio Grande do Norte afirmou que o estado conseguirá debloquear leitos ainda nesta terça-feira (4), porque o Hospital São Luiz teria conseguido kits intubação e o Hospital João Machado conseguiu fechar uma escala com profissionais.
Leitos bloqueados no RN
Hospital |
Quantidade de leitos bloqueados |
Por motivo |
São Luiz (Mossoró) |
13 |
11 por falta de kit intubação e 2 por falta de insumos |
Hospital Universitário Onofre Lopes |
6 |
Todos por falta de insumos |
Hospital da Liga Mossoroense Contra o Câncer |
6 |
1 em manutenção e 5 por falta de insumos |
Hospital João Machado |
5 |
Falta de recursos humanos |
Hospital de Campanha de São Gonçalo do Amarante |
3 |
1 por falta de kit intubação, 1 por falta de insumos e 1 por falta de bomba de infusão |
Hospital Manoel Lucas de Miranda |
3 |
2 por falta de insumos e 1 por manutenção |
Hospital da Polícia Militar |
2 |
1 por falta de bomba de infusão e 1 de reserva para a PM |
Hospital Maternidade Belarmina Monte |
2 |
1 por falta de monitor multiparâmetro e outro sem motivo cadastrado |
Hospital Nelson Inácio dos Santos |
2 |
Falta de bomba de infusão |
Hospital de Campanha de Parnamirim |
2 |
Falta de kit intubação |
Hospital Maternidade Divino Amor |
1 |
Manutenção |
Fonte: Regula RN
Dos 45 leitos bloqueados, 16 são por falta de insumos e 14 por falta de kits de intubação. Juntos, eles representam dois terços do total de bloqueados. Outros cinco (11%) estão bloqueados por falta de recursos humanos, somente no Hospital João Machado. Ainda há quatro bloqueados por falta de bombas de infusão e dois em manutenção, além de três com outros tipos de bloqueio.
No dia 28 de abril, o Hospital São Luiz fechou praticamente 30% dos seus leitos em Mossoró por falta de kits intubação – como ficou conhecido o conjunto de remédios usados em pacientes que precisam passar pelo processo de intubação.
No dia seguinte, a secretária adjunta de Saúde do Rio Grande do Norte, Maura Sobreira, afirmou que o estoque dos medicamentos estava ‘no limite’. De acordo com ela, os próprios fornecedores enfrentam dificuldades para enviar os insumos aos estados e municípios.
No último dia 29, somente a região metropolitana chegou a ter 36 leitos críticos bloqueados – o maior número de leitos bloqueados desde agosto de 2020. Nesta segunda-feira (3), o sistema registrava 27.
Na região Oeste, a quantidade de leitos bloqueados chegou a 20 no dia 28 de abril – o maior número desde o início da série histórica. Nesta segunda (3), eram 19.
Foto: Regula RN
“Recentemente a Sesap teve audiência com o Ministério da Saúde e pediu reforço no envio dos kits de intubação. A secretaria ressalta que o Ministério da Saúde enviou apenas 8% da quantidade solicitada para o consumo de sete dias da Rede SUS no estado do Rio Grande do Norte. O estado continua fazendo aquisições para reposição dos estoques para continuar dando suporte aos municípios”, informou a pasta, por meio de nota.
“Os insumos que chegaram foram distribuídos aos municípios de Santa Cruz, Parnamirim, São Gonçalo do Amarante, Natal e aos hospitais São Luiz, da Liga Mossoroense de Estudos e Combate ao Câncer (LMECC) e Universitário Onofre Lopes (HUOL). É importante ressaltar que o número de pacientes intubados é elevado e por isso demanda maior quantidade de anestésicos”, complementou.
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