HPV: incidência em mulheres passa dos 50% e Ministério reforça cuidado

Compartilhe

Foto: Magnus Nascimento

A taxa de infecção pelo HPV (papiloma vírus humano) na genital atinge 54,4% das mulheres que já iniciaram a vida sexual e 41,6% dos homens no Brasil. Os resultados são da pesquisa nacional sobre o tema, feita por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (Proadi-SUS), a pedido do Ministério da Saúde. Os números referem-se à modalidade de alto risco da doença.

O HPV é a infecção sexualmente transmissível mais comum no mundo e está associada a mais de 90% dos casos de câncer de colo do útero e de ânus. E a mais da metade dos casos de câncer na vulva, pênis e orofaringe. Além disso, 90% das verrugas genitais são provocadas pela doença. A vacina HPV quadrivalente, disponibilizada pelo SUS, previne contra essas complicações e está disponível, gratuitamente nos postos de vacinação pelo Brasil.

De acordo com balanço do Ministério da Saúde, divulgado em 21 de dezembro de 2023, o Rio Grande do Norte registrou aumento na cobertura vacinal, acompanhando uma tendência nacional, na qual oito imunizantes infantis apresentaram alta na procura em 2023.

De acordo com a pasta, os dados divulgados são preliminares e correspondem ao período de janeiro a outubro de 2023, comparados com todo o ano de 2022.

Em relação à vacina contra o HPV, que desde 2014 apresentava queda no número de doses aplicadas, a cobertura vacinal subiu 30% em 2023, de acordo com o balanço do Ministério da Saúde.

Entretanto, nos últimos anos, o país apresenta números baixos de cobertura da vacinação contra o HPV. Em 2022, entre as meninas, a 1ª e a 2ª dose tiveram, respectivamente, 75,91% e 57,44% de adesão. Entre os garotos, os valores são ainda menores: 52,26% na 1ª aplicação e 36,59% na 2ª. Os dados de 2023 ainda não estão consolidados, de acordo com o Ministério.

O cenário reforça a importância de políticas públicas referentes à vacinação precoce. Para o reforço na imunização, o Ministério destinou mais de R$ 151 milhões a Estados e municípios, como parte de um conjunto de ações. Além disso, a vacinação nas escolas foi uma estratégia fundamental para este resultado, especialmente quanto à vacinação de HPV.

“Em uma estratégia inédita, o Ministério está promovendo ações de microplanejamento nos estados, conforme o calendário da multivacinação. As equipes da pasta estão percorrendo todo o Brasil com treinamentos para gestores e lideranças locais com o objetivo de ajustar a estratégia de vacinação de acordo com as realidades locais. Estamos nas escolas, nas casas, em todos os lugares”, afirma o diretor do PNI (Programa Nacional de Imunizações), Eder Gatti.

Procura pela vacina

A reportagem da TRIBUNA DO NORTE esteve em um posto de vacinação para observar a procura pela vacina. Na Unidade Básica de Saúde da Cidade da Esperança Esperança, localizada na Zona Oeste, apresentava pouco movimento neste primeiro dia útil do ano, apenas três pessoas procuraram o setor de vacinas, dois idosos e uma criança, nenhuma delas buscava o imunizante contra o HPV.

De acordo com técnicas de enfermagem da UBS, no início do ano a procura por imunizantes, de uma forma geral, é mais baixa. A ida aos postos aumenta conforme são publicadas as campanhas de vacinação durante o ano. A administração do posto de saúde, informou que 51 doses contra HPV foram aplicadas nos meses de setembro a novembro, o que corresponde a um número baixo, se comparado as demais vacinas oferecidas na Unidade.

Outro ponto que destaca a administração da UBS em relação a baixa procura pelo imunizante é que o local não atende apenas a população do bairro de Cidade da Esperança. A sala de imunização é aberta ao público de toda a capital, não há necessidade de comprovar residência, apenas de apresentar o cartão de vacina.

Quem deve se vacinar

Antes, a vacina contra HPV era aplicada só em crianças e adolescentes de 9 a 14 anos e em pessoas de 9 a 45 anos em condições clínicas especiais, como as que vivem com HIV/Aids, transplantados de órgãos sólidos ou medula óssea e pacientes oncológicos. Desde agosto do ano passado, passou também a ser oferecida a vítimas de abuso sexual. A decisão de ampliar o público-alvo se alinha à recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde) e da API (Associação Pan-Americana de Infectologia).

A retomada das altas coberturas vacinais é uma prioridade do Ministério da Saúde, especialmente em crianças e adolescentes, público considerado prioritário.

Tribuna do Norte

* Todos os comentários são de responsabilidade dos seus autores.