Em pronunciamento no 7 de Setembro, Bolsonaro diz defender democracia, mas celebra golpe de 1964

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Foto: YouTube / Reprodução

O presidente Jair Bolsonaro fez na noite dessa segunda-feira 7, feriado da Independência do Brasil, um pronunciamento em que ignorou a pandemia do novo coronavírus e a agenda de reformas de governo. Em cadeia nacional de rádio e TV, procurou dar ênfase à “liberdade dos brasileiros”.

Bolsonaro afirmou ter compromisso com a democracia, mas voltou a celebrar o golpe de 1964 – que deu início ao regime militar. Essa foi a primeira vez que o presidente se manifestou em pronunciamento desde abril. Durante a fala do Dia da Independência, foram registrados panelaços pelo País.

Sem mencionar a repressão da ditadura militar a opositores, Bolsonaro destacou que, nos anos 1960, “quando a sombra do comunismo nos ameaçou”, milhões de brasileiros foram às ruas “contra um país tomado pela radicalização ideológica, greves, desordem social e corrupção generalizada”. “O sangue dos brasileiros sempre foi derramado por liberdade”, disse o presidente.

Em tom nacionalista, afirmou que em 1822, na declaração de independência do Brasil, o País dizia ao mundo que “nunca mais aceitaria ser submisso a qualquer outra a nação”, e que os brasileiros “jamais abririam mão da sua liberdade”. Ele também fez referência à participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial, quando o País “foi à Europa para ajudar o mundo a derrotar o nazismo e o fascismo”. “Vencemos ontem, estamos vencendo hoje e venceremos sempre.”

Desfile

Durante o dia, o presidente participou da cerimônia do Dia da Independência, realizada no Palácio da Alvorada. Sem máscara, Bolsonaro chegou no Rolls-Royce conversível da Presidência para o evento, acompanhado de um grupo de cerca de dez crianças, e cumprimentou apoiadores. Algumas usavam máscaras, outras não. A primeira-dama, Michelle Bolsonaro, foi chamada de “mita” pelo público.

Em formato enxuto, o evento no Alvorada substituiu o tradicional desfile de 7 de Setembro, realizado na Esplanada dos Ministérios, mas modificado este ano devido à pandemia do novo coronavírus.

Na portaria do Ministério da Defesa que cancelou o evento o motivo apresentado foi o risco de aglomeração. De acordo com a Secretaria Especial de Comunicação (Secom), no entanto, entre 1 mil e 1,2 mil pessoas acompanharam a solenidade. Antes do início da cerimônia, a Secom informou que o local estava preparado para receber 800 pessoas.

Sem máscara, o presidente cumprimentou apoiadores que o aguardavam e tirou fotos com alguns deles em diversos momentos. Entre as crianças que o acompanharam no carro estava a neta do ministro da Defesa, Fernando Azevedo. O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filhos do presidente, acompanharam a solenidade. Já o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), que no ano passado desfilou no Rolls Royce com o pai, não foi visto.

Depois da cerimônia, Bolsonaro ainda participou, junto de ministros, de uma confraternização na casa do secretário especial de Assuntos Estratégicos, almirante Flávio Rocha. O almoço contou também com a presença do presidente do STF. O convite de Rocha ocorreu justamente no momento em que o primeiro escalão diverge sobre gastos públicos na retomada econômica.

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