Caicó registra umidade igual à verificada em desertos como o Saara, aponta Inmet
Foto: Divulgação/Google Street View
A cidade de Caicó, na Região Seridó do Rio Grande do Norte, registrou umidade relativa do ar igual à do deserto do Saara nesta terça-feira (3), segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Um levantamento feito pelo g1 apontou que, assim como a cidade potiguar, outros 243 municípios também tiveram umidade relativa do ar menor ou igual à de desertos como o do Saara.
No deserto do Saara, no norte da África, a umidade do ar varia de 14% a 20% – esse último número foi o registrado por Caicó na terça-feira, de acordo com o Inmet.
No caso do deserto do Atacama, no Chile, o deserto mais seco do mundo, foi registrada umidade de 5%. Dez cidades no país chegaram próximas desse índice, com 7%.
Os dados são das estações de monitoramento do Inmet, que estão em todas as regiões do país, mas não cobrem todos os municípios do Brasil (veja abaixo a lista de cidades).
Setembro com onda de calor
O mês de setembro, o último do inverno, começou com uma onda de calor que fez subir as temperaturas. Nesta terça-feira, no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul as máximas chegaram aos 40°C. No interior de São Paulo e Minas Gerais, as cidades chegaram a 39°C. A subida do termômetro levou especialistas a debaterem até mesmo se o Brasil é o país mais quente do mundo nesta semana.
O calor se somou à seca, a maior e mais extensa já enfrentada pelo país, com cidades sem chuva há mais de cem dias. A falta de chuva e a alta temperatura faz com que a umidade, literalmente, evapore, chegando a níveis desérticos.
Por que isso está acontecendo?
O primeiro ponto é que estamos na estação seca, consequentemente, é um período com menos chuva e isso impacta na umidade relativa do ar que se estende até outubro. No entanto, a situação ficou mais grave por três fatores:
Seca histórica: o Brasil vive a maior e mais intensa seca de sua história recente. Todos os estados, com exceção do Rio Grande do Sul, estão passando pelo pior período seco já visto. Segundo os dados do Cemaden, em dez estados além do Distrito Federal não chove há mais de cem dias.
Calor intenso: setembro começou com uma onda de calor que vai levar cidades a níveis recordes de calor. Com a temperatura alta e menos chuva, a umidade acaba se dissipando.
Bloqueios Atmosféricos: o bloqueio é uma configuração dos ventos que impede o avanço de frentes frias e, consequentemente, das chuvas. Com menos nuvens e chuva, a umidade vai ficando cada vez mais baixa.
Impactos na saúde
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a faixa de umidade ideal para o organismo humano fica entre 40% e 70%. Quando essa taxa cai para 30%, já se configura uma situação de alerta, com prejuízos evidentes para a saúde.
O tempo seco pode levar a problemas respiratórios, cansaço, dor de cabeça, narinas e olhos ressecados. O desconforto é ainda maior para pessoas que já têm doenças respiratórias, como asma, rinite alérgica ou bronquite crônica, que ficam propensas ao agravamento dos quadros.
Isso acontece porque um dos mecanismos de defesa que temos para as vias aéreas é o muco. Com o ar seco, esse muco também seca e isso piora a obstrução.
Dicas para enfrentar o tempo seco
Beba bastante água (cerca de dois litros por dia ou 10 copos de água de 200 ml). Ela hidrata todos os órgãos, inclusive pele e mucosa.
Se puder, tenha um umidificador de ar em casa. Você também pode colocar uma bacia com água no ambiente ou uma toalha umedecida para minimizar os efeitos do ar seco, do ar poluído.
Hidrate bem as mucosas com soro fisiológico – pelo menos duas vezes ao dia.
Lave os olhos com soro fisiológico ou com colírio de lágrima artificial.
Cuidado com bebidas alcoólicas. Elas podem refrescar, mas também desidratam.
Mantenha a casa limpa, evitando o acúmulo de poeira.
Evite praticar exercícios físicos das 11h às 17h.
Proteja-se ao máximo do sol e evite o ressecamento das mucosas e pele.
Por g1 RN
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