Covid-19 matou mais que qualquer outra doença em 2020 no Rio Grande do Norte
Foto: Elisa Elsie
Por Igor Jácome, G1 RN
A Covid-19 matou mais que qualquer outra doença e até mesmo que a violência no Rio Grande do Norte, ao longo do ano de 2020, de acordo com dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade da Secretaria Estadual de Saúde, solicitados pelo G1. Segundo a pasta, entre março e dezembro, 3.048 pessoas morreram em decorrência do coronavírus no estado.
Ao longo de todo ano, o sistema registrou 24.974 óbitos pelos mais variados tipos de doença. Embora a pandemia só tenha começado em março, os números da Covid-19 superam os dados anuais das principais causas de letalidade no estado como o infarto do miocárdio, a diabetes, a pneumonia, além do câncer de brônquios e pulmões.
A doença também superou número de pessoas que foram a óbitos por outras doenças infeciosas e respiratórias, além de mortes por acidentes, e outras causas externas, como a violência.
Principais causas de morte em 2020 no RN
Tipos de doenças |
2019 |
2020 |
Covid-19 |
0 |
3048 |
Infarto agudo do miocardio |
2200 |
1881 |
Agressão disparo arma de fogo |
1141 |
1144 |
Diabetes mellitus |
1093 |
997 |
Pneumonia p/ microorganismo |
999 |
665 |
Outras causas mal definidas e mortalidade |
456 |
606 |
Doença cardíaca hipertensiva |
504 |
510 |
Hipertensao essencial |
330 |
476 |
Acidente vascular cerebral como hemorragia isquêmica |
459 |
454 |
Doença isquêmica crônica do coração |
302 |
453 |
Pneumonia bacteriana NCOP |
520 |
447 |
Câncer dos brônquios e dos pulmões |
480 |
445 |
Insuficiência cardíaca |
393 |
364 |
Doença de Alzheimer |
367 |
358 |
Outras doenças pulmonares obstrutivas crônicas |
435 |
353 |
Outras septicemias |
337 |
318 |
Câncer de mama |
274 |
307 |
Infarto cerebral |
251 |
302 |
Câncer da próstata |
288 |
283 |
Câncer do estomago |
279 |
261 |
Fonte: Sesap
Segundo Denise Guerra, que coordena o Sistema de Informação sobre Mortalidade da Secretaria Estadual de Saúde, os dados ainda podem ser incrementados pela inserção de novos casos, porém, como o prazo que os municípios possuem para cadastrar os óbitos de 2020 já acabou, dificilmente, o cenário sofrerá um impacto.
O G1 levou em consideração os dados da Covid-19 disponibilizados oficialmente pela Sesap fora do sistema de mortalidade porque na tabela a doença não está especificada, e os dados estão incluídos em “Restante de algumas doenças infecciosas”. Há 3.090 casos de óbitos registrados nesse campo.
Considerados os agrupamentos de doenças, as infecciosas e parasitárias – onde a Covid-19 é classificada – saíram da sétima posição e passaram a ser a segunda maior causa de morte no estado, superando a posição até então ocupada pelos mais variados tipos de câncer. Foram de 898 em 2019 para 3.950 em 2020 – crescimento de 339%.
Nesse contexto, as doenças do aparelho circulatório, somadas e apesar de redução, continuaram na liderança entre as causas da mortalidade, com 5.987 em 2020, contra 6.201 em 2019.
Se estratificamos por doença, ou por agravo especifico, a Covid está impactando diretamente na mortalidade, sendo em 2020 a primeira causa de mortalidade no Rio Grande do Norte, levando em consideração todas as outras causas
— Denise Guerra, coordenadora do Sistema de Informações de Mortalidade na Sesap
Aumento de mortes
O Sistema de Informação sobre Mortalidade registrou um aumento de 11% de casos em 2020, na comparação com 2019. O número de óbitos saltou de 22.377 ao longo de um ano para 24.975 no outro. O dado foi puxado pela Covid-19, porque os outros tipos de doenças ou tiveram queda ou não tiveram um aumento tão expressivo como as infecciosas, entre as quais a Covid foi a que mais matou.
“Nós temos um aumento esperado todo ano, pela própria demografia. Mas a Covid-19 aumentou em cerca de 5% o número total de óbitos que a gente estava esperando para o ano. Em 2018n A gente esperava algo em torno de 23 a 24 mil óbitos, mas foram praticamente 25 mil”, explicou.
Atuando há 12 anos na área, a servidora disse que nunca viu uma doença chegar tão rapidamente a liderança na causa de mortes. Porém, a expectativa é de que, com a vacinação da população e o desenvolvimento de futuros tratamentos, a doença seja controlada e o sistema público de saúde possa se concentrar mais no combate a doenças “evitáveis” que causam mortalidade da população.
* Todos os comentários são de responsabilidade dos seus autores.