Sesap prepara protocolo contra varíola dos macacos no RN

Compartilhe

Reuters

Diante da emergência de saúde global por causa da varíola dos macacos (monkeypox) decretada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a Secretaria de Estado do Rio Grande do Norte (Sesap) montou um fluxo de atendimento para eventuais novos casos da doença. Embora não existam leitos vazios destinados exclusivamente para a varíola dos macacos, a pasta orientou os profissionais das duas unidades referências para doenças infectocontagiosas: o Hospital Giselda Trigueiro, em Natal, e o Hospital Rafael Fernandes, em Mossoró.

“Desde a nossa primeira reunião de organização da rede do Rio Grande do Norte em relação à vigilância da monkeypox, nós conversamos com os dois hospitais de referência, já prevendo a possibilidade de precisar de um leito. Não existe um leito disponível para, mas existe um fluxo já pensado para se houver a necessidade, esse paciente vai ter direito a um leito e ao isolamento”, detalha a subcoordenadora de Vigilância Epidemiológica da Sesap, Diana Rêgo.

Com duas confirmações no Rio Grande do Norte e nenhum caso suspeito, o quadro da varíola dos macacos é considerado estável, o que não exclui o estado de alerta e vigilância, diz a Sesap. “Elaboramos um plano de ação para orientar os serviços de saúde do estado sobre a necessidade de implementar medidas de preparação e resposta com base na prevenção e controle da transmissão dentro desses serviços, para o alinhamento de condutas, fluxos assistenciais, exames complementares para diagnóstico e medidas de precaução e isolamento”, complementa Lyane Ramalho, secretária-adjunta da Sesap.

Por enquanto, embora já existam doses formuladas para a doença, não há perspectiva de uma campanha de vacinação contra a monkeypox no Rio Grande do Norte. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, firmou, no último sábado (23), que está negociando a compra de doses do imunizante com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), mas a ideia é vacinar apenas os profissionais da saúde que lidam diretamente com o vírus. A prioridade da Saúde deve ser o isolamento dos casos confirmados e orientações sobre a transmissão.

Os dois casos confirmados no RN ocorreram entre 1º e 9 de julho. Em comum, os dois são homens (34 e 40 anos), residentes de Natal e tinham histórico de viagem recente à Europa, com passagens por Inglaterra, Portugal e Espanha. Ambos foram atendidos no Hospital Giselda Trigueiro, sem maior gravidade, e orientados a fazer o isolamento domiciliar, que neste caso pode se estender até 21 dias.

Os principais sintomas, que surgem e desaparecem espontaneamente, incluem febre súbita, dor de cabeça, dores musculares, calafrios, arrepios e erupções cutâneas, que podem ser manchas, lesões ou bolhas parecidas com a da catapora. De acordo com o Ministério da Saúde, as erupções começam pelo rosto e depois se espalham para outras partes do corpo, de forma mais aparente das extremidades, incluindo plantas dos pés, palmas das mãos e órgãos genitais. Após duas a três semanas, as feridas secam e as crostas caem, deixando a região da pele despigmentada, quando não há mais risco de transmissão.

Conforme nota técnica da Sesap, os potiguares que apresentarem sintomas e suspeitarem da infecção devem procurar as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) para indicar suas condições. A partir disso, as equipes irão examinar o quadro clínico do paciente, além de verificar o histórico de viagem ou vínculo epidemiológico com pessoas que passaram por países que tenham casos confirmados. Se o caso for classificado como “suspeito”, cabe ao Laboratório Central do Rio Grande do Norte (Lacen-RN) fazer a coleta do material biológico do paciente para confirmar ou descartar a suspeita.

Ainda segundo o documento da Sesap, a indicação para internação ocorrerá quando o paciente tiver infecções necrosantes na pele, convulsões, desidratação grave, rebaixamento do nível de consciência e desconforto respiratório. A nota orienta que as lesões na pele, principal via de transmissão, devem ser protegidas por lençol, vestimentas ou avental de manga longa.

O infectologista Kleber Luz diz que o foco deve ser a contenção da transmissão. Segundo ele, a doença pode trazer preocupações mais acentuadas na medida em que os casos comecem a crescer. “Uma doença infecciosa é perigosa porque pode afetar as defesas das pessoas. A boa notícia é que não temos óbitos aqui. Hoje temos quase 20 mil casos no mundo, mas na hora que se tem 200 mil, 300 mil casos, aí começa a morrer gente. Por isso, as equipes de saúde, que não estão acostumadas com essa nova doença, precisam dessa preparação. Além disso, o isolamento é muito importante para evitar a transmissão dessa doença”, pontua.

Tribuna do Norte

* Todos os comentários são de responsabilidade dos seus autores.

Abrir bate-papo
Olá 👋
Bem-vindo(a) a Santa Cruz 98 FM!