‘Se o crescimento de internações for exponencial, nenhum sistema de saúde dá conta’, diz secretário de saúde do RN
Por Norton Rafael e Leonardo Erys, Inter TV Cabugi e G1 RN
Depois de confirmar a reabertura de mais 104 leitos para Covid-19 entre clínicos e críticos, o secretário de Saúde do Rio Grande do Norte, Cipriano Maia, não descartou que seja necessário ampliar ainda mais a rede de atendimento para a doença no estado. Segundo ele, ainda assim isso pode não ser suficiente para evitar um novo colapso do sistema de saúde potiguar.
Com os índices de internação aumentando desde novembro, o titular da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) indica que um controle seguro da doença só acontecerá se os índices de transmissibilidade também forem reduzidos.
“Nós não podemos garantir que seja o suficiente (os novos leitos). Então estamos buscando a acompanhar para que o colapso não venha a ocorrer, porque a rede está se preparando pra isso. Temos a possibilidade de fazer mais expansões a depender da situação. Mas é fundamental que a população tenha consciência que ela é a principal responsável para evitar tragédias, mudando atitude e comportamento”, disse.
Segundo o secretário, 42 leitos de UTI e 19 clínicos já foram reabertos após a alta de casos no estado – a previsão é que 104 sejam ao todo entre essa e a próxima semana.
“Estamos planejando que essa expansão possa dar conta da assistência. Mas se esse crescimento for exponencial, como ocorreu em outros países, nenhum sistema de saúde dá conta”, falou.
Cipriano Maia pontuou que, por esse motivo, é importante que principalmente os mais jovens, que têm menos complicações pela Covid-19 e por isso têm se exposto mais ao vírus, entendam o risco de contaminarem um grupo mais vulnerável.
“Nós apelamos por uma conduta sensata e responsável das pessoas, principalmente dos mais jovens, como está se chamando a atenção. Porque são essas pessoas, que se consideram imunes, que podem levar a contaminação para seu familiar querido ou amigo e com isso produzir perdas”.
O secretário reforçou o alerta para evitar festas e aglomerações tanto no Natal quanto no réveillon. “A recomendação de todos os países que estão enfrentando essa segunda onda é encontros entre familiares que convivem cotidianamente entre si. Se a transmissão está aumentando, se temos um número de casos muito significativos, com certeza vamos ter aumento um maior ainda de transmissibilidade, mais pessoas contaminadas e mais pessoas hospitalizadas”, disse.
“Então, a atitude correta é aquela que estamos recomendando de manter distanciamento, evitar aglomeração, fazer uso da máscara para que a gente evite novas mortes, principalmente de entes queridos no Natal”.
O Rio Grande do Norte tem mais 110 mil casos confirmados de Covid-19 desde o início da pandemia e mais de 2.880 mortes pela doença.
Alta de casos
Cipriano Maia reforçou que o número de casos diários aumentou em novembro e mais ainda em dezembro após uma queda registrada entre setembro e outubro. Consequentemente, as internações também subiram.
“Se você sai de 300 casos por dia, como tinha em setembro, para 1 mil casos por dia, a proporção de casos graves que vai demandar internação aumente proporcionalmente. Entre esses, uma proporção vai demandar leitos críticos. E infelizmente alguns poderão ir óbito. Daí a importância de entender que a pandemia não acabou, de atitude de responsabilidade com a vida, principalmente daquelas pessoas mais vulneráveis.”
O boletim desta terça-feira (22) aponta que 456 pessoas estão internadas pela Covid-19 no RN – entre leitos clínicos e críticos. Em outubro, esse número chegou a ser de 167.
O titular da Sesap acredita que a curva de crescimento de casos no estado é semelhante a do pico da pandemia. “Na prática, nós tivemos após declínio na curva, em que chegamos a 200 casos por dia. A partir de novembro, do pós-eleitoral, realmente um crescimento muito significativo da curva, com o número de casos se aproximando de 1 mil, o que realmente estão nos mesmos picos daqueles meses de maio, junho, até início de julho”.
O crescimento no número de mortes também é significativo, segundo Cipriano. “Tivemos em setembro, outubro um período em que o número de óbitos por dia não chegava a três e agora já estamos tendo até 10 por dia”.
“Isso configura uma intensificação da pandemia, um aumento da sua gravidade, o que exige de todos nós a retomada de vigilância”.
Ele diz que o estado vive uma retomada da situação mais crítica. “Nós configuramos uma retomada dessa primeira onda ou uma segunda onda, isso é uma questão semântica, mas que temos realmente um repique da pandemia no estado, com o aumento e a intensificação dos casos, consequentemente de casos que demandam maiores cuidados, internações e que levam ao óbito”
De acordo com dados do sistema Regula RN, o estado chegou a ter 311 leitos críticos (de UTI e semi intensivos) operacionais, ou seja, funcionando, no dia 10 de agosto. Porém, o número foi reduzindo, seguindo a tendência de queda de casos e, no dia 21 de novembro, quando já se registrava um novo aumento de casos, o leitos operacionais eram 193. Porém, nesta segunda, a rede já contava com 226 leitos críticos – 33 a mais.
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