Volume de reservatórios do RN deve chegar a 70% no período chuvoso
Com o volume de chuva esperado de 433,2 mm para o trimestre março, abril e maio no Estado, os reservatórios do Rio Grande do Norte podem ter uma recarga de até 70%, segundo previsão do Instituto de Gestão das Águas do Estado do Rio Grande do Norte (Igarn). Atualmente, as reservas hídricas potiguares acumulam 42,96% da sua capacidade, o equivalente a um volume de 4,37 bilhões de metros cúbicos (m³). Esse percentual não preocupa nem representa riscos de desabastecimento para o Igarn. No mesmo período do ano passado, os reservatórios acumulavam 38,95%.
O diretor-presidente do órgão, Auricélio Costa, diz que a situação é confortável. “Esse é um número bom porque o inverno está começando, os reservatórios já estão ganhando água nas bacias e a partir de agora no mês de março, a gente vai ultrapassar facilmente os 50% e vamos ficar entre os 60% até os 70% do volume médio”, prevê. Apesar de confiar num “bom inverno”, ele pondera que a distribuição das chuvas não é igual em todas as regiões. “Pode ser que alguns reservatórios não ganhem água, mas isso é natural, faz parte da distribuição aleatória da chuva”, explica Costa.
A barragem Armando Ribeiro Gonçalves, maior reservatório do RN, acumula 1,18 bilhão m³, correspondentes a 49,82% da sua capacidade total, que é de 2,37 bilhões m³. No início de março de 2022, o manancial acumulava 1,088 bilhão m³, ou seja, 45,85% da sua capacidade. Segundo maior manancial do RN, a barragem Santa Cruz do Apodi está com cerca de 218 milhões m³. Isso equivale a 36,42% da sua capacidade, que é de 599,7 m³. No mesmo período de 2022 esse reservatório acumulava 202 milhões m³, correspondentes a 33,78% da sua capacidade total.
Auricélio diz que o volume atual dos reservatórios é suficiente para abastecer consumo e irrigação, mas alerta para problemas pontuais que podem surgir em determinadas localidades, como as regiões do Seridó e do Agreste que receberam menos chuvas. Além disso, municípios que aguardam a conclusão de obras de adutoras também podem ter dificuldades.
“O cenário é otimista. O que nós podemos ter são algumas cidades como Currais Novos, São Miguel, que nós não conseguimos ainda finalizar a situação das adutoras. Os projetos que estão em andamento vão resolver isso no médio e longo prazo. Aí sim, mesmo com um inverno pequeno não terão dificuldades porque se faltar água num açude pode-se importar água através da adutora”, detalha.
O Instituto de Gestão das Águas do RN (Igarn) monitora 47 reservatórios, com capacidades superiores a 5 milhões de metros cúbicos, responsáveis pelo abastecimento das cidades potiguares. Outras barragens importantes do Estado também estão com níveis acumulados superiores em comparação ao ano passado e com perspectiva otimista de recarga. Na barragem Umari, localizada em Upanema está com 164 milhões m³, equivalentes a 56,20% da sua capacidade, que é de 292,8 milhões m³. Em março do ano passado, o manancial estava acumulava 159 milhões m³, correspondentes a 54,54% da sua capacidade.
A barragem de Pau dos Ferros armazena cerca de 35 milhões m³, percentualmente, 63,40% da sua capacidade total, que é de 54,8 milhões m³. No mesmo período de 2022, estava com, aproximadamente, 20 milhões m³, equivalentes a 37,26% da sua totalidade.
Emparn prevê 433 mm para trimestre chuvoso no estado
A previsão para os próximos três meses deste ano — março, abril e maio — é de chuvas com volumes na categoria normal a acima do normal em todas as regiões do Rio Grande do Norte. A chuva mínima esperada é de 433,2 mm no período. Os dados são resultado da Reunião de Análise e Previsão Climática 2023 para o Semiárido do Nordeste brasileiro, coordenada pela equipe da Empresa de Pesquisa Agropecuária do RN (Emparn).
Depois dos dois primeiros meses de 2023 com volumes abaixo da média esperada no RN, os especialistas acreditam na ocorrência de chuvas com volumes médios de, no mínimo, 433,2 milímetros, para o trimestre. “A estação pré-chuvosa apresentou acumulados abaixo da média esperada, devido a bloqueios meteorológicos que, climatologicamente, atuam sob o estado”, explica Gilmar Bristot, chefe da unidade instrumental de meteorologia da Emparn.
A previsão foi elaborada pelos especialistas com base nas análises de alguns elementos, principalmente, das condições oceânicas, com a ocorrência do fenômeno La Ñina (esfriamento das águas no Pacífico), resfriamento das águas do Atlântico Norte e aquecimento das águas superficiais no Atlântico sul, que devem favorecer a atuação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) no território potiguar- principal sistema meteorológico que favorece a ocorrência de chuvas no Nordeste do Brasil. “Os resultados dos modelos meteorológicos dos diversos núcleos de meteorologia do país e do mundo apontam a tendência de chuvas na categoria de normal a acima do normal para o período de março a maio de 2023 no RN com uma boa distribuição espacial”, detalha Bristot.
Previsão Meteorológica
Média esperada para o período (março a maio)
Oeste 479,2 mm;
Central 376,9 mm;
Agreste 343,2 mm;
Leste 533,8 mm;
Total: 433,2 mm.
Tribuna do Norte
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