Comitê Científico do Consórcio Nordeste pede que estados cancelem feriados de carnaval e proíbam festas particulares para conter Covid
Foto: Aldo Carneiro/Pernambuco Press
Por g1 PE
O Comitê Científico do Consórcio Nordeste emitiu um documento com recomendações para frear a disseminação da Covid-19. Entre as medidas estão o cancelamento dos feriados de carnaval, proibição de festas particulares e shows de qualquer natureza que possam gerar aglomerações.
O Consórcio Nordeste, criado em 2019, reúne os nove estados da região para integrar políticas públicas de desenvolvimento econômico e social. O Comitê Científico integra esse colegiado, que, desde 18 de janeiro, é presidido pelo governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB).
Em Pernambuco, o Ministério Público (MPPE), o Conselho Regional de Medicina (Cremepe) e o Sindicato dos Médicos (Simepe) já tinham recomendado ao governo que evitasse festas e aglomerações.
No entanto, no estado, ainda não foram tomadas medidas para evitar essas aglomerações. Até o dia 15 de fevereiro, está em vigor um protocolo que permite a realização de eventos com até três mil pessoas.
No domingo (30), foram registradas aglomerações em eventos. Uma festa no Clube Português, no Recife, foi encerrada. A Polícia Militar dispersou público que participava de uma “prévia carnavalesca” nas ladeiras de Olinda.
Na quarta (2), Pernambuco bateu novo recorde de infectados pela Covid-19, desde o início da pandemia, em março de 2020. Foram confirmados mais 7.806 casos da Covid-19 e 23 mortes provocadas pela doença.
Documento
O boletim do Comitê Científico do consórcio, que reúne as recomendações, foi publicado na quarta-feira (2).
Segundo o colegiado, a manutenção dos feriados de carnaval pode estimular as pessoas a irem às ruas, “promovendo aglomerações”.
Isso, segundo o comitê, poderá resultar no agravamento do quadro da pandemia e consequente prolongamento do que chama de “terceira onda” da Covid no Brasil.
Da mesma forma, o Comitê Científico pede que os governos e prefeituras proíbam festas privadas de carnaval e shows, porque esses eventos “intensificariam a transmissão do vírus, como ocorreu no réveillon”.
A entidade afirmou que conhece as dificuldades políticas e prejuízos econômicos de adotar a proibição, mas afirma que “o mais importante no momento é salvar vidas. E vidas não têm preço”.
Segundo o comitê, após o término da pandemia, novos feriados extraordinários poderiam ser criados pelos governos para compensar a suspensão das festividades afetadas pela situação sanitária atual.
Outras medidas
O Comitê Científico também emitiu outras duas recomendações aos governos: intensificar a vacinação e manter medidas legais que obrigam o uso de máscaras, em especial em lugares fechados ou com aglomerações.
O órgão afirma que, embora cerca de 70% da população brasileira esteja com o ciclo vacinal completo, esse percentual ainda não é suficiente para assegurar estabilidade nos casos de Covid.
“Nos últimos dois meses, o ritmo de vacinação ficou mais lento, causado em parte pela falta de procura por parte da população”, diz o documento.
Por isso, os governos devem intensificar campanhas para incentivar a vacinação e desmentir notícias falsas, as fake news.
Além disso, os estados precisam, segundo o documento, adotar estratégias de vacinação utilizando a rede de saúde da família do Sistema Único de Saúde (SUS), com agentes comunitários participando da busca por pacientes e ampliando postos de vacinação em locais de grande circulação de pessoas.
Por fim, o Comitê Científico pede que os gestores incentivem o uso de máscaras tipo N95 ou PFF2, que devem ser fornecidas por empresas ou setor público, para serem utilizadas em locais fechados ou com grandes aglomerações.
Esse tipo de máscara oferece quase 100% de proteção contra a Covid-19 e estudos apontam que, se as pessoas que utilizarem estiverem vacinadas, o risco de contrair a doença é ainda menor.
Estado
Durante entrevista coletiva, nesta quinta (3), o secretário estadual de Saúde, André Longo, falou sobre a recomendação do Comitê Científico do Consórcio Nordeste.
O gestor disse que “Pernambuco tem medidas restritivas em vigor, mas que, infelizmente têm tido descumpridas”.
Ele apontou “casos emblemáticos”, como os da festa do Clube Português e de aglomeração em Olinda. “Os eventos controlados têm um menor risco, caso as regras sejam cumpridas”, afirmou.
O secretário afirmou que o comitê estadual avaliará, na segunda (7), se antecipará alguma medida em relação ao decreto que está em vigor e o “comportamento das atividades sociais nesse período carnavalesco”.
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