Ocupação de UTIs pediátricas cai para 69% após ampliação
A ocupação das UTIs pediátricas para tratamento de covid-19 do Estado caiu para 69%, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde. Na semana passada, o número era de 83%. A diminuição é registrada após a Sesap ampliar o número de leitos disponíveis. Eram 6 leitos críticos e agora são 10, ao passo que eram 23 leitos clínicos e agora são 37. O estado conta atualmente com nove leitos críticos ocupados, sendo oito no Hospital Pediátrico Maria Alice Fernandes, em Natal, e uma no Hospital Wilson Rosado em Mossoró. As taxas de ocupação nos locais são de 80% e 33%, respectivamente, com ocupação total de 69% nas UTI pediátricas potiguares.
Desde a noite de segunda-feira (31), a fila de espera por UTIs pediátricas para tratamento de covid-19 está zerada. Na sexta-feira passada (28), um adolescente de 14 anos com paralisia cerebral morreu enquanto esperava vaga para leito critico covid-19 em São Tomé, no Seridó potiguar. Segundo Renata Nascimento, coordenadora da Regulação em Saúde e Avaliação da Sesap, a situação no estado já está controlada. “Temos dez leitos de UTI e 37 de enfermaria no Hospital Maria Alice. Ainda na rede para covid, iremos abrir hoje (02), em Pau dos Ferros, mais dois leitos de enfermaria pediátrica no Hospital Regional Dr Cleodon Carlos de Andrade. Em Mossoró, são três leitos de UTI no Wilson Rosado, mais três leitos de UTI na Maternidade Almeida Castro e mais dois leitos de enfermaria no Hospital Regional Tarcísio Maia”, informa.
De acordo com o planejamento da Sesap, nesta quarta-feira (02) a inserção de mais sete leitos já foi conduzida no Hospital Maria Alice Fernandes, inicialmente para a demanda clínica. A partir da necessidade e disponibilidade de recursos humanos e equipamentos, tais leitos podem ser revertidos para UTI. “Por hora, como a demanda é muito maior para pacientes clínicos, optamos por iniciar a atividade dessa forma, com a possibilidade de reversão para leitos críticos a medida em que for necessário. Como a demanda infantil, que já tivemos fila, foi bem controlada com a expansão que realizamos, optamos por manter inicialmente para casos de enfermaria. Ontem, passamos o dia inteiro sem crianças na fila e hoje também não temos nenhuma criança solicitando leito neste momento. Na terça-feira (01), tivemos uma criança que imediatamente foi regulada graças à disponibilidade de leitos”, comenta a coordenadora.
Atualmente, são 32 crianças internadas no Rio Grande do Norte por covid-19, com dez delas na faixa de vacinação. Dessas, nenhuma está imunizada de acordo com dados compartilhados pela Sesap. O estado conta com 335.093 crianças na faixa etária de cinco a onze anos, público alvo da mais nova campanha de vacinação, que já imunizou 56.056 (16%). Especialistas de todo o país têm apontado a necessidade de imunizar as crianças para evitar a contaminação por covid-19 e o consequente agravamento dos casos nos quais há comorbidades.
Na UTI do Hospital Maria Alice Fernandes, 8 casos são registrados (uma criança de um ano, uma de dois anos, duas crianças com cinco anos, uma com seis, uma com oito, uma com dez e outra com onze anos). Em relação aos leitos de enfermaria, encontram-se internados 23 crianças; quatro menores de um ano, quatro crianças de um ano, quatro de dois anos, três crianças de três, duas de quatro, duas de cinco, uma com sete, uma com oito, uma com treze anos e outra com quatorze anos. Em Mossoró, a criança internada em UTI tem quatro anos de idade.
Vacinação
Segundo o infectologista Luiz Alberto Marinho, a susceptibilidade geral para a variante Ômicron é bem maior do que as cepas anteriores, o que também é observado com as crianças. Quando comparada à variante Delta, por exemplo, a contagiosidade é três a dez vezes maior. “Toda criança, até então sem infecção antecedente, está mais vulnerável à nova variante. No entanto, a agressividade dela parece ser menor, inclusive na faixa pediátrica, à semelhança das anteriores. Crianças com fator de maior risco para gravidade poderão desenvolver formas moderadas e até graves”, explica.
O médico Kleber Luz, também infectologista, aponta que a covid-19 foi a doença imunoprevenível que mais matou crianças no Rio Grande do Norte, sendo a vacinação de extrema importância em meio a esse cenário epidemiológico. “Se o vírus circula de forma muito intensa no grupo pediátrico, alguns casos vão apresentar complicações, seja porque elas tem uma doença de base ou porque podem desenvolver a síndrome inflamatória multissistêmica. Muitas vezes as crianças podem ter alguma condição que ainda não foi manifestada de forma clínica”, diz.
“A criança é parte da estrutura familiar então ela vai refletir muito o comportamento da família. O que orientamos é evitar situações de aglomerações, buscar proteção com o uso de máscara e higienização das mãos.O recado que vem sendo dado pela Secretaria é que a vacina é segura e ajuda significativamente a proteger nossas crianças. Os pais que puderem ter seus filhos vacinados, não evitem e façam isso o mais rápido possível”, recomenda Renata Nascimento, coordenadora da Regulação em Saúde e Avaliação.
Tribuna do Norte
* Todos os comentários são de responsabilidade dos seus autores.