Quase metade dos pacientes com Covid-19 em leitos críticos no RN tem menos de 60 anos

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Os números constam no Regula RN, plataforma que monitora em tempo real as internações e o perfil dos pacientes no estado. Atualmente, 112 pessoas abaixo dos 60 anos estão em leitos críticos. Os idosos são 123 internados.

De acordo com o epidemiologista Ion de Andrade, da UFRN, o crescimento no número de pessoas mais jovens nos leitos de UTI e semi-intensivo foi de 60% nesses dois primeiros meses de 2021.

“O que está acontecendo atualmente é um crescimento acelerado do percentual de jovens nos internamentos. Em 25 de dezembro, nós tínhamos 28,9% dos leitos ocupados por jovens, que nesse caso significam pessoas com menos de 60 anos”.

“Hoje esse percentual chega a 48% praticamente. Isso representa um crescimento de mais de 60% em dois meses da participação desses mais jovens na ocupação de leitos”.

Segundo o médico epidemiologista Ion de Andrade, dois fatores contribuem para esse atual cenário: a superexposição dos jovens ao vírus, o que facilita o contágio e também a circulação, e as novas variantes.

“Essa cepa nova, a P1 (encontrada em Manaus), tudo leva a crer que produz casos de maior gravidade entre jovens, de forma que essa hipótese também é possível no sentido de que, desde dezembro, em função da chegada de milhares de turistas, nós tenhamos a circulação de um vírus que produz casos mais graves entre jovens”, falou.

A facilidade no contágio também é considerada. “Essas novas variantes, de Manaus e do Rio de Janeiro, o que se vê até o momento é que elas têm uma maior transmissibilidade. Transmite entre as pessoas com maior facilidade”, diz o médico infectologista Igor Queiroz.

“Então, se ela transmite mais fácil, se esses jovens estavam tendo mais aglomerações, isso facilita a transmissão entre eles, e acaba tendo um maior número de infectados”.

A superexposição dos jovens também é citada pelo infectologista Igor Queiroz. “A gente vê que muitas das medidas preventivas passaram a ser desrespeitadas e foram relaxadas. Vimos no fim de ano, Natal, réveillon, veraneio, muitas aglomerações, especialmente dos jovens, onde a transmissão ocorreu com grande facilidade”.

Esse dado é considerado preocupante no atual estágio em que o RN tem taxa de ocupação acima de 80% nos leitos críticos e a Grande Natal está na casa dos 90% e praticamente sem nenhum leito crítico à disposição.

Isso porque o maior agravamento da doença nos mais jovens não tem substituído o perfil dos idosos nas UTIs – eles também seguem sendo internados, o que aumenta a ocupação.

Como base de comparação, em agosto de 2020, em meio ao pico da primeira onda da Covid-19 com a superlotação dos hospitais no RN, as pessoas abaixo de 60 anos representavam 25% dos internados.

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