O diretor executivo do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LAIS/UFRN), Ricardo Valentim, acredita que o cancelamento de réveillons pelo país é precipitado. O pesquisador destacou o momento epidemológico vivido, com redução no número de casos e mortes para a covid-19, e a criação de uma “barreira forte imunológica” contra a doença, por meio do avanço da vacinação. Ricardo Valentim deu as declarações em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan News Natal.
Ricardo Valentim argumenta que grandes eventos já estão acontecendo no Brasil todo. “Vou pegar aqui o Rio Grande do Norte: nós temos um carnaval de quarta a domingo em Ponta Negra todas as semanas. Isso é errado? Não, é correto. As pessoas estão se imunizando, e as vacinas estão garantindo às pessoas um nível de segurança coletiva muito grande.”
Para Valentim, os eventos que têm acontecido atualmente, combinados com a diminuição nos números da covid-19, são a constatação de que o momento é propício para a realização das festas. “Se nós não tivéssemos a vacina hoje, digo isso com toda certeza, os hospitais estariam abarrotados de pacientes internados. E não estão porque a vacina confere um nível de proteção muito grande.”
Natal é uma das cidades que cancelou o Réveillon, confirmado no início do mês pela prefeitura. Um dos motivos alegados pelo prefeito Álvaro Dias foi de resguardar a população sobre eventuais efeitos da variante Ômicron. O diretor executivo do LAIS afirmou que informações iniciais dão conta de que a nova variante resulta em casos mais leves da covid-19.
“Os relatos ainda são preliminares, mas alguns já são importantes. Os médicos da África do Sul [onde foi identificada a Ômicron] e as autoridades sanitárias de outros lugares do mundo já consideram que a variante Ômicron tem casos muito leves. Ou seja, bem mais leve que a variante Delta”, afirmou Valentim, que também é professor do Departamento de Engenharia Biomédica da UFRN.
Cancelamento
A programação de festividades públicas de Réveillon na capital potiguar foi cancelada. A informação foi confirmada pela Prefeitura do Natal na tarde do dia 01, que tomou a decisão para “reforçar cuidados sanitários diante do quadro atual da pandemia”. Dessa forma, não serão realizados mais os shows musicais na Redinha, nem as queimas de fogos em Ponta Negra e na Ponte Newton Navarro, como estava previsto inicialmente para a virada de ano.
Através da sua conta no twitter, o prefeito de Natal, Álvaro Dias, disse que a medida visa preservar vidas e que ainda não se sabe quais efeitos terá a nova variante do coronavírus, a Ômicron. “Decidimos cancelar a festa do Réveillon em Natal. Mesmo com a campanha de vacinação avançando, precisamos resguardar a população, tendo em vista que os efeitos da nova variante do coronavírus ainda não estão completamente avaliados. A vida vem sempre em primeiro lugar”, disse o prefeito.
A medida adotada em Natal é semelhante à aplicada em outras capitais e cidades brasileiras, como Rio de Janeiro, Fortaleza, Salvador, João Pessoa, Belém, Recife, Vitória, Aracaju, Belo Horizonte, Florianópolis, Campo Grande, São Luís, Palmas, Curitiba, Porto Alegre, Brasília, Teresina e Goiânia.