A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) poderá começar a produzir a uma vacina contra a Covid-19 a partir de abril de 2021. A informação foi repassada pelo secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos do Ministério da Saúde, Helio Angotti Neto, em entrevista coletiva nesta quinta-feira. Segundo ele, os insumos para a fabricação da vacina, que ainda está em fase de testes, deverão chegar ao Brasil em dezembro e, a partir de abril, a Fiocruz já terá capacidade de produção interna da vacina.
A vacina mencionada por Neto é a desenvolvida pelo laboratório britânico AstraZeneca e pela Universidade de Oxford. O governo federal firmou um acordo de R$ 1,9 bilhão para a aquisição de pelo menos 100 milhões de doses do insumo e a transferência da tecnologia para a fabricação da vacina no Brasil. O acordo prevê que 30 milhões de doses do insumo cheguem ao Brasil entre dezembro e janeiro e outras 70 milhões ao longo do primeiro trimestre de 2021.
— Se espera que o insumo comece a ser entregue a partir de dezembro. E uma vez entregue, a partir de dezembro, ele comece a ser processado e chegue à população em janeiro. Tudo isso caso o registro seja obtido junto à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) […] E esperamos que a partir de abril de 2021, a Fiocruz já tenha capacidade de produção interna da vacina — disse Neto.
A vacina desenvolvida pela AstraZeneca e pela Universidade de Oxford ainda não foi concluída. Estudos ainda estão sendo realizados em diversos países do mundo, incluindo o Brasil, para averiguar a eficácia do imunizante em seres humanos.
O acordo firmado com o governo brasileiro, no entanto, prevê o pagamento de R$ 1,9 bilhão mesmo que a vacine não se mostre efetiva no combate à Covid-19. Um estudo publicado em julho na revista científica The Lancet, no entanto, afirma que, após as primeiras análises sobre a vacina, indícios mostram que ela é segura.
A vacina de Oxford, como ficou conhecida, está na chamada fase 3 de estudos. Caso os resultados dessa fase sejam positivos, ela ainda precisa ser certificada pela Anvisa antes de ser distribuída no país.
O secretário disse ainda que há 13 protocolos de vacinas contra Covid-19 em avaliação pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep). Desses, quatro são de ensaios da chamada fase 3, a mais avançada e que antecede o registro do produto.
O secretário-executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco, disse que o governo ainda não definiu quais os grupos prioritários para a vacinação caso algumas das vacinas em análise tenha eficácia comprovada. Segundo ele, a avaliação será feita com base em critérios como as características da vacina e do perfil genético da população.
O Globo