Doses de CoronaVac são insuficientes e não há prazo para novas remessas

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A vacinação de crianças de 3 a 5 ano com a CoronaVac poderá enfrentar dificuldades no Rio Grande do Norte. Levantamento preliminar da Secretaria Estadual de Saúde mostrou que não há doses suficientes para a imunização completa do público infantil, ao passo que há quatro meses não há envio de CoronaVac para o Estado por parte do Ministério da Saúde.

Ao todo, 112 das 167 secretarias municipais de saúde responderam à consulta da Sesap. Elas informaram que têm um total de 96.473 doses de Coronavac estocadas. Já a estimativa de crianças de três a cinco anos nestas cidades é de 85.801. Ou seja, para garantir a imunização com a primeira dose e garantir a reserva técnica para a segunda dose, — com uma diferença de 28 dias — seriam necessárias mais de 170 mil vacinas.

Na semana passada, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso emergencial da Coronavac para crianças de três a cinco anos. Já nesta segunda-feira (18), a Secretaria de Saúde Pública do Estado (Sesap-RN) emitiu uma nota técnica e afirmou que não tinha doses suficientes do imunizante para essa faixa de público. Segundo Kelly Lima, coordenadora de Vigilância em Saúde da Sesap, o Rio Grande do Norte não recebe novas doses da Coronavac há quatro meses, motivo que inviabiliza o início da vacinação em todo o Estado.

“Nós recebemos a liberação da Anvisa para a vacinação das crianças dessa faixa etária com imunizantes da Coronavac, e aí dialogamos com o Ministério da Saúde, dentro de uma Câmara Técnica que estão todos os Estados, para questionar quando chegariam as doses, já que nós não recebemos doses da Coronavac há pelo menos quatro meses”, diz Lima.

De acordo com a coordenadora, o Ministério teria informado que o contrato com o Instituto Butantan — que produz a vacina brasileira — havia sido finalizado, sem previsão de renovação. “Mas a Anvisa liberou o imunizante e eles iriam tentar fazer uma nova contratualização junto com o Butantan para conseguir a aquisição desse imunizante e distribuir para os Estados”, afirma a coordenadora.

Com base numa orientação do Ministério da Saúde, a Sesap iniciou um levantamento com os municípios. O objetivo é saber a quantidade de doses de Coronavac em cada prefeitura e quantas doses seriam necessárias para o público de três a cinco anos, considerando a reserva de vacinas para a segunda dose.

Para Kelly Lima, o número atual de doses é “insuficiente” para imunizar todas as crianças. “Até porque existem municípios que ainda não responderam se tem ou não doses da Coronavac”, diz.

Cidades

Embora a Sesap não garanta o estoque de vacinas para todos os municípios, a coordenadora de Vigilância em Saúde da pasta afirmou que até esta sexta-feira (22), mais de cem prefeituras devem iniciar a vacinação para as crianças de três a cinco anos. Isso se deve a um acordo feito entre a Secretaria e os municípios, segundo Kelly Lima.

“Nós temos a lista dos municípios que sinalizaram o quantitativo de doses que têm. O município de Natal, Mossoró, São Gonçalo do Amarante, os municípios maiores, todos eles da Região Metropolitana já vão iniciar de imediato a partir de hoje (19), e os municípios menores que têm um quantitativo menor de doses também vão iniciar ainda essa semana. A gente espera que até sexta-feira mais de cem municípios já tenham iniciado a aplicação”.

Segundo ela, o Estado não tem doses suficientes porque já havia repassado às cidades devido à curta validade. Os lotes de Coronavac disponíveis no Rio Grande do Norte devem chegar ao fim da validade em agosto e novembro, e o prazo entre a primeira e segunda dose é de 28 dias.

“Nós fizemos essa pactuação para que aqueles municípios que tivessem doses, utilizassem de imediato e resguardassem a segunda dose, já que são 28 dias depois que ela precisa ser aplicada. Boa parte dessas doses que estão nos municípios tem validade para o mês de agosto e outras em novembro”, aponta.

Questionada se não seria possível destinar a Coronavac apenas para as crianças, e destinar outras vacinas para o público adulto, Lima diz que isso já vem sendo feito. “A partir de agora, com a liberação da Anvisa, a orientação é que ela só seja utilizada para esse público, para que a gente possa garantir a proteção, e já que não temos previsão de receber novas doses”.

A reportagem procurou o Ministério da Saúde para saber quando novas remessas serão disponibilizadas aos municípios. Em nota, a pasta disse que “recomenda que sejam utilizados os estoques existentes nos estados e municípios. No entanto, o Ministério da Saúde segue em tratativas para aquisição de novas doses”. Ainda de acordo com o Ministério, “a decisão será formalizada em nota técnica aos estados, bem como o cronograma de entrega de doses adicionais.”

Crianças de 5 a 11 anos têm cobertura considerada abaixo

Enquanto a vacinação contra a Covid-19 para o público de três a cinco anos inicia lentamente, as crianças de cinco a 11 anos já estão consolidadas no calendário vacinal. Segundo dados da plataforma RN + Vacina, as pessoas vacinadas com a primeira dose ou dose única correspondem a 64% do total de aptos, ou 217.419 crianças. Já o público totalmente vacinado equivale a 42% (140.809).

Mas, segundo a coordenadora de Vigilância em Saúde da Secretaria de Saúde Pública do Estado (Sesap-RN), Kelly Lima, o estágio de vacinação está “aquém” do que era esperado pela pasta. “A gente esperava 100% de adesão à campanha, para que a gente pudesse realmente ter essa ampla proteção nas nossas crianças”. Porém, a baixa adesão não surpreende a Sesap.

“É um número que nos acompanha para outros imunizantes das crianças também. Então não é uma grande surpresa. A gente já esperava que a outra parte desses responsáveis não fizessem a adesão, já que não vem fazendo adesão a nenhum outro imunizante do calendário infantil”, pontua.

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