Foto: PBH / Divulgação
Por Norton Rafael, Sérgio Henrique Santos e Leonardo Erys, Inter TV Cabugi e G1 RN
Os casos confirmados de Covid-19 em idosos caíram 36% entre os meses de março e maio deste ano no Rio Grande do Norte. Os dados são do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN), que monitora a situação da pandemia no estado em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap).
Ao todo, em março deste ano o estado registrou 5.330 casos confirmados em idosos, o maior número desde o início da pandemia. Após se manter alto em abril (4.526), no mês de maio esse número apresentou queda para 3.365.
A queda exatamente em maio é relevante, já que o mês foi o com mais casos confirmados de Covid-19 no estado desde o início da pandemia. O mês fechou com 45.451 casos confirmados nos boletins epidemiológicos da Sesap – o mês anterior com mais casos era março de 2021, com 29.366.
A queda no número de casos também tem influenciado na queda de internações dos idosos em UTIs. Em julho de 2020, os idosos ocupavam em média 75% dos leitos críticos; em janeiro, 60%; entre março e maio, 50%. Em junho, ocupam 30%.
Segundo o Regula RN, atualmente há 113 idosos nos leitos de UTI público no RN e outras 262 pessoas com menos de 60 anos, que representam quase 70%.
Essa queda está diretamente associada à aplicação das vacinas nesses grupos, segundo apontam os especialistas.
“Quando olhamos pros números de internação, principalmente em UTIs, aliado ao processo vacinal que tem ocorrido, começamos a perceber que, conforme se avança nas faixas etárias e conclui o processo vacinal da maior parcela da população daquele grupo etário, consegue se derrubar o número de internação e de óbitos para aquelas pessoas”, explicou o pesquisador do LAIS, Rodrigo Silva.
O pesquisador reforça que, considerando esses grupos etários como os mais vulneráveis no início da pandemia, esse dado é ainda mais relevante.
“Em maio, quando a gente percebe a conclusão do processo vacinal (dos idosos), a gente vê uma queda bem mais vertiginosa, e hoje a gente está numa faixa de 28 a 30% de ocupação dos leitos de UTI por idosos, ou seja, um grande ganho aí visto o todo o número de óbitos e o número de internações que a gente chegou a ter ano passado”, disse.
“A vacinação é a única solução que a gente vai conseguir encontrar pra esse problema”.
Esse pensamento é reforçado pelo epidemiologista Ion de Andrade, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. “Essa é uma questão muito importante, porque demonstra que a vacina é a nossa arma estratégica”, disse.
“Isso que a gente constata entre os idosos é o que vai acontecer com todas as faixas etárias vacinadas e todos os grupos profissionais, assim que eles obtiverem a vacinação. Esse número de casos também entre profissionais de saúde também está caindo bastante”.
Vacinação no Rio Grande do Norte
O Rio Grande do Norte vacinou até o momento mais de 811 mil pessoas contra a Covid com pelo menos um dose. Com as duas doses aplicadas – ou seja, o esquema vacinal completo – são pouco mais de 384 mil pessoas, cerca 10,8% dos mais de 3,5 milhões de pessoas no estado. Os dados são do RN+ Vacina.
Para o epidemiologista Ion de Andrade, a queda nos casos nos grupos vacinados é relevante, mas não é o momento de relaxar nos cuidados, já que esse percentual da população vacinada ainda é baixo.
“Esse é um cenário muito positivo, que, no entanto, não deve nos fazer diminuir os cuidados, porque a quantidade de pessoas vacinadas na nossa população é ainda pequena”, disse.
“Portanto a gente constata que a vacinação é efetiva nos grupos que ela foi aplicada, mas isso não nos autoriza a relaxar em relação aos controles”.
O estado começou nesta semana a vacinar pessoas abaixo de 60 anos de idade sem comorbidades, depois de avançar nos demais grupos prioritários. Um levantamento do G1 no início desta semana apontou que Natal era a única capital do Nordeste que ainda não havia começado a imunizar pessoas abaixo de 60 anos.
Após uma reunião entre estado e municípios, foi decidido que 50% das novas cargas das vacinas serão destinados ao público por faixa etária que não é idoso e que não possui comorbidade.