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Raphaela Ramos
A aliança global Covax anunciou nesta quarta-feira (3) que o Brasil deve receber 1,6 milhões de doses de vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela AstraZeneca com a Universidade de Oxford no primeiro trimestre de 2021, por meio do consórcio, e mais cerca de 6 milhões no segundo trimestre. Outros 3 milhões devem ser entregues no segundo semestre, totalizando 10,6 milhões de doses nesta primeira fase.
A entrega está estimada para começar no final de fevereiro. A quantidade prevista está abaixo da anunciada anteriormente pelo Ministério da Saúde. No sábado (30), a pasta informou que o Brasil receberia de 10 a 14 milhões de doses da vacina de Oxford/AstraZeneca por meio da Covax em meados de fevereiro. No entanto, após o Valor Econômico revelar que o país não receberia as doses de uma só vez este mês, o Ministério informou ao GLOBO na terça-feira (2) que a entrega das doses se daria “ao longo do período entre fevereiro e julho”, sem informar mais detalhes sobre o processo.
A iniciativa Covax, coordenada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com a Aliança Mundial para Vacinação Gavi e a Coalizão de Inovações em Preparação para Epidemias (CEPI), visa acelerar o desenvolvimento e universalizar o acesso aos imunizantes contra a Covid-19.
O consórcio destaca que os valores divulgados são indicativos de distribuição, mas estão sujeitos a possíveis alterações por questões como a capacidade de produção dos imunizantes, financiamento e disponibilidade dos países.
Além disso, o imunizante de Oxford/AstraZeneca ainda não foi autorizado pelo departamento de vacinas da OMS, embora a avaliação esteja em andamento. A aprovação é necessária para que seja distribuído pela Covax.
Ao aderir à iniciativa, o governo brasileiro optou por contratar doses de vacinas para o equivalente a 10% da população brasileira, no total de 42,5 milhões de doses, considerando duas por pessoa. De acordo com a previsão de distribuição, o país vai receber apenas um quarto desse total na primeira fase.
Distribuição entre os países
O plano de distribuição da aliança global divulgado nesta quarta-feira (3) considera a alocação de 240 milhões de doses do imunizante de Oxford/AstraZeneca via Instituto Serum, na Índia, e mais 96 milhões de doses adicionais de um acordo com a AstraZeneca para o primeiro semestre de 2021. Além disso, também prevê a distribuição dos primeiros 1,2 milhão de doses do imunizante da Pfizer/BioNTech para o primeiro trimestre.
Segundo os organizadores, as doses totais cobrem, em média, 3,3% da população total dos 145 participantes que devem recebê-las neste primeiro momento.
Bangladesh, Índia, Indonésia, Nigéria e Paquistão devem receber uma quantidade de doses maior do que o Brasil na primeira fase, segundo o plano de distribuição.
Em coletiva nesta quarta-feira (4), Frederik Kristensen, executivo da CEPI, destacou que com novas variantes do coronavírus se espalhando “é mais importante do que nunca” garantir que as vacinas sejam desenvolvidas e distribuídas globalmente. Ele disse que a coalizão está trabalhando com os laboratórios adaptações necessárias nos imunizantes para lidar com elas.
Covax firma novo acordo
A diretora-executiva da UNICEF Henrietta Fore anunciou um novo acordo com o Instituto Serum, na Índia, pelo qual fornecerá 1,1 bilhão de doses de vacinas contra a Covid-19 desenvolvidas pela AstraZeneca e pela Novavax para cerca de 100 países de baixa e média renda, ao custo de aproximadamente 3 dólares cada.
Segundo Fore, as doses serão produzidas pelo Instituto Serum sob um acordo de transferência de tecnologia, e fazem parte de um contrato de fornecimento de longo prazo.