Bolsonaro anuncia comitê com o Congresso, mas insiste no ‘tratamento precoce’

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Por Guilherme Mazui, G1

Após reunião na residência oficial do Palácio da Alvorada com governadores, ministros e chefes de poderes, o presidente Jair Bolsonaro anunciou a criação de um comitê em parceria com o Congresso para definir medidas de combate à pandemia de Covid-19. Ainda de acordo com Bolsonaro, caberá ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), levar ao comitê as demandas dos governadores.

“Resolvemos, entre outras coisas, que será criada uma coordenação junto aos governadores, com o senhor presidente do Senado Federal. Da nossa parte, um comitê que se reunirá toda semana com autoridades para decidirmos ou redirecionarmos o rumo do combate ao coronavírus”, afirmou o presidente em um breve pronunciamento após o encontro, ao lado dos governadores, ministros e chefes de poderes.

O presidente disse também que, na reunião, discutiu o que ele chama de “tratamento precoce”. O método prevê a utilização de medicamentos defendidos pelo presidente, mas que não têm eficácia contra a Covid-19, de acordo com pesquisas científicas internacionais.

“Tratamos também de possiblidade de tratamento precoce. Isso fica a cargo do ministro da Saúde, que respeita o direito e o dever do médico off-label tratar os infectados”, argumentou Bolsonaro.

Vida ‘em primeiro lugar’

O presidente disse ainda que defende “a vida em primeiro lugar”. Desta vez, ao contrário de suas falas habituais, Bolsonaro não equiparou a manutenção de empregos à vida na categoria de prioridade.

A reunião entre Bolsonaro, governadores, ministros e chefes de poderes ocorre em um momento em que o Brasil chega perto da marca de 300 mil mortos por Covid-19, desde que a pandemia começou, há pouco mais de um ano.

O país vive o momento mais grave da pandemia, com sucessivos recordes diários de número de mortes e de novos casos. Os sistemas de saúde nos estados estão sobrecarregados, com filas nas UTIs e ameaça de falta de oxigênio hospitalar e de insumos para intubação de pacientes.

Isolamento social

Em nenhum momento de seu pronunciamento, Bolsonaro falou de medidas de isolamento social, defendidas por especialistas como fundamentais para conter o descontrole do contágio, como é o caso atual da pandemia no Brasil.

Bolsonaro é um crítico de medidas de isolamento adotadas nos estados e, nos últimos dias, tentou, sem sucesso, barrar algumas delas na Justiça.

O tema do isolamento, no entanto, foi defendido pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), que também fez um pronunciamento após a reunião. Ao lado de Bolsonaro, ele ressaltou a importância de restringir a circulação de pessoas.

“Pedir a todos que entendam que em situações delicadas e críticas muitas vezes se faz necessário o isolamento social”, disse o governador.

Os governadores presentes à reunião não são críticos declarados do presidente. Além de Caiado, participaram Wilson Lima (Amazonas), Romeu Zema (Minas Gerais), Ratinho Júnior (Paraná), Marcos Rocha (Rondônia), Renan Filho (Alagoas).

Vacinação

Em sua fala, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que a articulação entre União, estados e municípios vai ajudar a agilizar a vacinação e diminuir os efeitos da pandemia.

“A conclusão é o fortalecimento do SUS, articulado nos três níveis, União, estados e municípios, para prover à população brasileira, com agilidade, uma campanha de vacinação que possa atingir uma cobertura vacinal capaz de reduzir a circulação do vírus”, afirmou o ministro.

Homenagem às vítimas e aos profissionais de saúde

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, prestou em solidariedade às famílias enlutadas e agradeceu aos profissionais de saúde pelo trabalho realizado.

Fux explicou que o Judiciário, por ter a prerrogativa de “aferir a legitimidade dos atos que serão praticados” pelos governantes, não poderá participar diretamente do comitê. Contudo, o Judiciário vai trabalhar em estratégias para evitar disputas desnecessárias na Justiça.

“Como esses problemas da pandemia exigem soluções rápidas, nós vamos verificar a estratégias capazes de evitar a judicialização, que é o fator de demora na tomada dessas decisões”, disse.

Senado e Câmara

Pacheco afirmou que o momento da pandemia exige a união entre os poderes da República e a população, o que, para ele, significa um pacto nacional liderado por Bolsonaro.

“Essa união significa um pacto nacional liderado por quem a sociedade espera que lidere, que é o senhor presidente da República, Jair Bolsonaro, já com a compreensão de que medidas precisam ser urgentemente tomadas”, disse o presidente.

O senador também declarou que o pacto deve ter uma atuação ”técnica, contundente e urgente” do Ministério da Saúde.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), frisou a necessidade de “despolitizar a pandemia” e de “desarmar os espíritos” para tratar de um problema nacional.

O deputado também citou a importância de uma linguagem unificada para repassar informações à população. Ele deseja que o país tenha “um único discurso, uma única orientação nacional conduzida também pelo Ministério da Saúde”.

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