Foto: Lais/UFRN
Um relatório divulgado nessa terça-feira (2) pelo Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (Lais) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, considera que mesmo com aumento de casos da doença após as eleições municipais de 2020, a pandemia ainda está em uma situação de controle no estado. Por outro lado, os pesquisadores recomendaram que governo e prefeituras reforcem as fiscalizações quanto às medidas de prevenção à doença e aumentem a disponibilidade de leitos de UTI, caso a ocupação ultrapasse os 60% por três dias consecutivos – percentual registrado nesta terça.
Entre as recomendações enviadas ao governo do estado, os cinco pesquisadores que acompanham os dados da pandemia no RN e assinam o documento destacaram a importância de uma campanha de conscientização da população para reforçar as medidas de prevenção à contaminação tais como adoção do uso correto de máscaras, da higienização das mãos e do distanciamento físico, evitando aglomerações.
Os pesquisadores também recomendaram que as autoridades retornem e aumentem as fiscalizações em ambientes propícios a aglomerações, especialmente comércio de rua, bares, restaurantes, shoppings e ambientes públicos de lazer. Além disso, também apontaram que as autoridades de saúde devem emitir notas técnicas informando como vão ocorrer as festividades de fim de ano, principalmente nos espaços públicos, hotéis, pousadas, entre outros estabelecimentos.
“Com o objetivo de se evitar um retrocesso das atividades econômicas, torna-se impreterível que os poderes públicos, estadual e municipais, voltem a tomar medidas de conscientização e controle”, diz o relatório.
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Aumento de leitos
Os pesquisadores ainda apontam como deveria ocorrer o aumento da disponibilidade de leitos e quando as ações devem ser tomadas, dependendo da demanda de pacientes pelas UTIs.
“Caso a taxa de ocupação de leitos críticos do RN ultrapasse os 60% por mais de três dias, o estado deve organizar imediatamente um plano de contingência para ampliar os leitos em 20%, o qual deve ser rapidamente implementado quando a taxa estiver em 70%. aso a taxa de ocupação de leitos críticos SUS do RN chegue aos 80%, o estado deve imediatamente iniciar um processo de ampliação de leitos em mais 30%, podendo o RN voltar a ter mais de 300 leitos críticos para covid-19”, aponta o relatório.
“Se depois de ampliar a rede assistencial, a taxa de ocupação de leitos críticos covid-19 no SUS ainda estiver maior que 70% e a taxa de transmissibilidade superior 1.03 no RN, outras medidas sanitárias mais rígidas deverão ser tomadas”, pontua o relatório.
Conforme os pesquisadores, o governo ainda deve solicitar que os municípios não implementem ou executem quaisquer ações que possam promover aglomerações até que a pressão por leitos críticos covid-19 no SUS retorne a menos de 40% por mais de 15 dias.
Situação ainda é de controle
Embora tenham registrado crescimento superior a 50% no número de casos, em relação ao período anterior às eleições municipais de 2020, os pesquisadores apontaram que não houve registro de aumento do número de óbitos diários e por esse e outros fatores, ainda é possível dizer que a situação está sob controle.
“Isso pode ser explicado justamente porque nesse período eleitoral as contaminações estão ocorrendo em sua grande parte na população economicamente ativa, ou seja, a menos suscetível a ter a doença covid-19 em sua forma mais grave”.
O laboratório considerou, inclusive, que o número de mortes poderia estar menor se as aglomerações tivessem sido evitadas. Outros fatores considerados para apontarem o “controle” sobre a doença, segundos os pesquisadores, é a taxa de transmissibilidade e a própria assistência de saúde, que, de acordo com eles, segue atendendo à demanda, mesmo com aumento.
“Para a análise da Rt e considerando a semana epidemiológica de número 47, o Rio Grande do Norte está em um cenário de controle da epidemia. Há pelo menos 30 dias, o estado segue com uma média da taxa Rt abaixo de 1. Todavia, é preciso destacar a variação do risco em 108 municípios que estão atualmente com a Rt acima de 1 e maior que 1,03 (acima de 1 e maior que a margem de erro)”, pontua o relatório.
O relatório ainda apontou que houve aumento da ocupação de leitos, porém, alerta que o número de leitos disponibilizados também foi reduzido, o que contribuiu para o aumento do percentual de ocupação.
“Em 4 de outubro de 2020, a taxa era de aproximadamente, 28% para a Região metropolitana e em 30 de novembro de 2020 foi para, aproximadamente, 50%. Todavia, em outubro de 2020, havia mais leitos de UTI covid-19 habilitados, portanto, é importante considerar esse aspecto também”, destaca o relatório.
Atualmente, o estado conta com 197 leitos críticos para pacientes de covid-19 na rede pública. Desse total, 106 (53,81%) estavam ocupados na manhã desta quarta-feira (3) e nove estavam bloqueados.
Por G1 RN